sábado, 8 de maio de 2010

O DESPERDÍCIO NA CRIAÇÃO BRASILEIRA DO PSI

Minha formação profissional é a de Economista e um dos aspectos expressivamente abordados em várias das Matérias que estudamos nos quatro anos do Curso, foi como evitar, ou pelo menos amenizar, a nefasta e traiçoeira figura do DESPERDÍCIO, em suas diversas vertentes.
Considero o DESPERDÍCIO um fator que tenda a perseguir pessoas, independentemente do nível de Cultura, da Área de Atuação e da perspicácia dessas pessoas em perceberem situações que envolvem a possibilidade de DESPERDÍCIO.
Não poderia ser diferente no âmbito do Turfe, particularmente, na Criação do PSI, que se apóia numa Ciência inexata e complexa, que é a Genética.
Mais do que nunca, na Criação do PSI, o desperdício é presença marcante e freqüente, seja por absoluta falta de conhecimento do assunto, seja por uma mera questão de vaidade pessoal, o que é perfeitamente compreensível, seja por não acreditar nos conhecimentos dos chamados Hipólogos.
Já no que se refere aos Proprietários que, usualmente, fazem suas aquisições de Produtos inéditos em Leilões, o desperdício encontra-se nas compras por Proprietários que desconhecem o que seja um PSI, seja em seus aspectos genéticos (Genótipos), seja em seus aspectos físicos (Fenótipos), adquirindo animais, muitas vezes, que sequer chegarão a competir.
Nestes casos, tanto Criador, como Proprietário, desconhecem, ou não dão a menor importância a um parâmetro fundamental que, independente da situação econômica de cada um, deveria nortear as decisões, tanto na Criação, quanto na Aquisição do PSI, ou seja, o índice do CUSTO / BENEFÍCIO.
No início da década de 70, quando iniciei minha campanha de 25 anos como Proprietário do Puro Sangue Inglês (PSI), praticamente, não havia qualquer possibilidade de uma orientação profissional que pudesse fornecer uma indicação mais segura para a aquisição de um Produto.
Tudo dependia, exclusivamente, de seus próprios conhecimentos e de sua intuição, de acordo com suas possibilidades financeiras.
A compra de um jovem e inédito PSI, em sua maioria quase absoluta, equivalia à compra de um bilhete de loteria em que, muito poucos, darão algum tipo de retorno e, apenas um, a cada Geração, será o líder de sua Geração, liderança esta que, ao longo de sua campanha nas pistas de corrida, poderá trocar de mãos algumas vezes.
Tudo isto, sem contar o relevante fato de que alguns dos Produtos, usualmente bem qualificados, genética e fisicamente, que são reservados por seus Criadores para defenderem suas cores nas pistas de corrida.
A partir da década de 80, foi surgindo a figura do Agente, um especialista na seleção de Produtos jovens e inéditos, de importância fundamental para o Proprietário que não reúna os conhecimentos mínimos necessários e indispensáveis, para poder tomar a iniciativa de uma compra racional e acertada.
Devemos alertar, entretanto, que, por melhor credenciado que seja, o Agente nem sempre acertará na seleção dos Produtos para seus Clientes, mas a probabilidade de comprar um bom Produto, sem margem para dúvidas, será quase que total, se comparada com a compra realizada ao sabor do acaso, de uma reação emocional, ou de alguma presunção sem qualquer fundamentação técnica.
O que ocorre na prática, é que o Proprietário terá que ser adotado da perspicácia e intuição para escolher o Agente adequado para suas aquisições, seja em Leilões, seja diretamente nos Haras que comercializam seus Produtos.
O Agente, na realidade e em última análise, é um comerciante que facilita ao Proprietário, o acesso ao animal desejado, cabendo a ele descobrir os predicados indispensáveis para que venha a se tornar um bom “racehorse” ou ‘racemare”, nas pistas de corrida, delineando e realizando uma campanha bem sucedida.
Alguns desses Agentes, na realidade, em sua grande maioria, têm seus conhecimentos restritos à prática da Compra e Venda dos Produtos, sobretudo, dos jovens, sejam DESMAMADOS (“weanlings”), de SOBREANO (“yearlings”), de 2 anos e até de Animais em Treinamento com mais idade.
Alguns Agentes além da prática na aquisição do PSI, quando atuam como comerciantes especializados, têm certo conhecimento de Genética (Genótipos), outros são mais conhecedores dos tipos físicos (Fenótipos), raros os que reúnem os três predicados, em elevado nível de conhecimento.
Em relação à Criação do PSI, o Criador que não detém os conhecimentos mínimos necessários e indispensáveis para criar bons Produtos para as pistas de corrida, deve se aconselhar com os chamados Hipólogos.
Mas o que esperar do Hipólogo, sobretudo nos tempos atuais?
Considero que o Hipólogo da atualidade do Turfe, necessariamente, para ser efetivo e eficaz no desempenho de suas Atividades, deve possuir um elevado nível de conhecimento sobre aspectos técnicos da Genética aplicada à criação do PSI, não sendo necessário que seja um expert, Phd em Genética, mas tendo um sentido intuitivo determinante em suas decisões sobre cruzamentos, assim como, ter o conhecimento físico-estético projetado e extrapolado para o futuro Produto Planejado.
Entretanto, para o exercício completo, integrado e eficiente de suas Atividades, deve agregar conhecimentos, sem que seja um especialista, para poder dialogar com Veterinários, Engenheiros Agrônomos e Especialistas em Nutrição do PSI, para elaborar um Projeto integral para a adequada criação de um PSI, abrangendo as diversas e sucessivas Etapas que irão integrar este Projeto, ou seja:
1ª – Preparação da Matriz (Veterinário)
2ª – Seleção dos Reprodutores (Genótipo e Fenótipo)
3ª – Criação do Jovem PSI (Veterinário)
4ª – Pré-Condicionamento do Jovem PSI
5ª – Doma (Domador)
6ª – Condicionamento Final
7ª – Treinamento e Campanha (Treinador)
Estas Etapas em seqüência formam e integram o que costumo chamar de Planejamento Genético, em seu sentido mais amplo, que deve ser formulado e acompanhado pelo Hipólogo que, além de tudo, deve ter um apurado sentido intuitivo.
Apesar de todos esses predicados, fielmente cumpridos, não se pode assegurar o êxito da empreitada mas, certamente, aumentará, expressivamente, a probabilidade de se alcançar bons resultados, reduzindo-se, substancialmente, o Fator SORTE, sempre presente na equação de um PSI vitorioso.
De posse desses dados e informações, podemos vislumbrar, tanto no aconselhamento ao Proprietário, quanto no aconselhamento ao Criador do PSI, o nível de DESPERDÍCIO, de Tempo e Dinheiro que ocorre no âmbito da Criação e da Comercialização de um PSI, agravados pela decepção dos resultados desejados e não alcançados, quando, em sua quase totalidade, estes procedimentos são realizadas sem o acompanhamento de um profissional especializado no Puro Sangue Inglês (PSI).